Porque é que, com o avançar dos séculos, cada vez há mais crentes fanaticamente religiosos e porque é que cada vez mais o poder religioso é maior? Sendo que também o conhecimento e a capacidade de interpretar o Mundo e as suas coisas, é também maior do que nos séculos passados? Ora o que é que todas as religiões apregoam? Que é no pós Vida que se atinge a Felicidade plena. Que a vida terrena é apenas uma necessária passagem para esse outro plano, a que chamam Eternidade. Ensinam também que é necessário aceitar com abnegação as provações terrenas para melhor saborear a Felicidade Eterna.
Chego à conclusão que não é necessário ser crente em religião alguma para entender o porquê de tal construção retórica e metafórica. A forma mais directa de alcançar o entendimento das pessoas é usar a sua linguagem. E a forma comum de ver a Vida (a terrena, a de todos os dias) é rigorosamente a mesma da que as Religiões falam para a tal Vida depois da Morte. Que amanhã vai ser melhor, que depois de amanhã vai ser diferente, que é preciso estar mal agora para manter a perspectiva de poder estar melhor depois, um dia quem sabe? A mesma retórica, a mesma abnegação, a mesma fatalidade, o mesmo “chutar para a frente” o alcançar da Felicidade. Sem luta, sem esforço, com medo. Assim, só mesmo por vontade de um qualquer Deus é que as coisas acontecem. Porque nós, estamos sempre e só à espera de uma tal combinação de factores que nos permitam (sim permitam, até o verbo é passivo) ser Felizes, que o mais certo é ter que acreditar que só mesmo numa outra vida.
Conseguíssemos nós ser mais crentes nas nossas capacidades e perseguir de forma corajosa as nossas vontades, enfrentando a luta das provações (que existirão sempre), arriscássemos mais em ser felizes em vez de aguardar que a Felicidade chegue um dia vinda por obra e graça de um outro qualquer ser, e acredito que o Mundo seria menos religioso e mais Feliz.
Mas, pelo que conheço de mim e dos outros, as Religiões e os seus Deuses, irão continuar a conseguir remeter a nossa Felicidade para as tais calendas para onde já na Antiguidade a remetiam. Culpa minha. Culpa nossa.
Mas vale a pena tentar mudar o rumo. Eu acredito que sim. Haja coragem, e fiquem bem, à luz da Lua.
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