segunda-feira, 8 de outubro de 2012
1994
Regresso a 1994. Ano em que “Schindler’s list” ganha o Óscar para melhor filme, Bruce Springsteen faz a banda sonora premiada por “Streets of Philadelphia”, o Brasil ganha nos EUA o Campeonato do Mundo de futebol nas grandes penalidades à Itália, e comemora com a inesquecível frase “ Senna, aceleramos juntos, o Tetra é nosso!”. Sim, foi também o ano em que morreu Ayrton Senna.
1994, ano em que tendo só dúvidas e perguntas sem resposta, arrisco deixar o que conhecia e amava rumo ao incerto e desconhecido. Deixei o meu Alentejo, os que amava e tudo o que me era querido, rumo a Lisboa e a um projecto de vida que não tinha, estava mesmo muito longe de o ter, ou sequer saber o que isso era.
1994, ano das primeiras farras, dos primeiros amigos de ocasião, dos amores de uma noite, dos excessos sem controle, da descoberta das nódoas negras sentimentais e de tudo o mais que descobri em Jorge Palma.
1994, das directas de marranço, das orais obrigatórias, das pautas de frequência, das horas intermináveis de autocarro entre Santo António dos Cavaleiros e a Rua da Junqueira.
1994, ano em que Lisboa foi Capital Europeia da Cultura, em que vivi a primeira paixão arrebatadora, ao som de Pedro Abrunhosa e do irrepetível concerto de sinos das igrejas da capital.
1994, ano da revolta na ponte 25 de Abril, das aulas de Direito a que não ia e das de Engenharia no IST a que não faltava, dos arraiais e das desilusões. Da Sagres com Néstum.
1994, do Reboredo Seara, do Cabral de Moncada e da Teresa Morais. De praxes e escapadelas, de euforias e saudades.
1994, das noites e manhãs de sexo e da velha lição de que o amor começa e acaba por causa do dito ou da falta dele.
1994, ano em que no meio de tanto turbilhão emotivo e trambolhões literais, entrei na Valentim de Carvalho do Rossio, lugar onde passava horas a fazer tempo para ter vontade de fazer coisa alguma, e gastei o dinheiro de uma semana num livro que jamais esquecerei.
1994, li e comecei a aprender que “O Amor é fodido”. E nunca mais me libertei da sensação que tive em 1994, e cito de cor: “ O mundo inteiro é muitas vezes muito pouco, para quem não está à procura de nada”.
E assim foi 1994. O meu 1994. E assim sou eu.
Nota: No passado dia 5 de Outubro, o meu 1994 alcançou a maioridade. 18 anos depois aqui fica a homenagem a tudo e a todos que fizeram de 1994 o principio daquilo, que no fim de contas, sou em 2012.
E fiquem bem por aí, à luz da Lua.
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