quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Habemus scriptum? Ou encontras Garcia?
Algures em Setembro passado, um amigo daqueles com "A" (um dia, conto aqui a história da madre benfiquista de Almoster e da conquista do "A"), escreveu-me uma carta (dos tempos modernos, via e-mail, mas uma missiva, carta sem selo, mas carta, de amigo:
"Bom Dia Hugo,
pelo menos assim o espero que venha a ser, bom!
Vinha no carro a pensar, que a minha equipa, se calhar já tinha atingido maturidade, para levar com a treta do "levar-a-carta-a-Garcia". Pensava que lhes podia dar uma ajudinha no sentido de apurarem a autonomia e subirem um degrau na escada do desenrascanço.
Depois, a cortar este raciocionio, e mesmo antes do "Portugalex", apareceu o Paulo a dizer que "depois do adeus" as coisas ficam outras.
A mistura, de ausencia de sono e de um cérebro matinal ainda por refrescar, detonadora de miscelanias reflexivas, induziu-me ao seguinte beco:
O Hugo está na Alemanha vai fazer quase um ano. De certeza que não vai conseguir arranjar tempo para se matricular numa universidade para melhorar conhecimentos e CV, e as causas para o não fazer são simples e aparentemente bem justificadas:
O TRABALHO. Esta obsessão que temos de sentir-nos disponiveis. Todos os restantes compromissos, que não profissionais, parecem peso e fazem lastro imobilizador para a nossa disponibilidade laboral. Pelo menos esta foi a sensação que presidiu às minhas decisões de não inscrever-me na Sorbonne. Bom, mas ao que íamos:
Vai fazer um ano.
Eliminada que está a possibilidade académica (saber admitir derrotas prepara-nos melhor para a vitória - não estou a citar, é proprio), para além de nos sentirmos mais leves, abre-nos uma outra porta: então quê? (para alem do banco, já sei...). Pois tive uma ideia: enquanto continuas a levar a tua carta a Garcia (o próprio demorou 10 meses, tu seguramente mais) por que não escreves um livro?
Esta ideia não há-de de angustiar obviamente porque:
Rediges bem,
tens tempo,
emocionalmente não podias estar melhor (a sofrer)"
Fez-me pensar em mim e em tudo. Principalmente nas opções que tinha tomado e nas outras, de vida, que estava a tomar. Confesso: nunca tinha pensado tanto. Nem sequer sabia que era capaz de equacionar tanto por tanto em tão pouco tempo. Soube uma coisa: havia que urgentemente que saber o que iria significar no futuro para mim, esta opção. Uma provação? Uma conquista? Um passo ao lado? Um decisivo passo em frente? Profissional? Pessoal? Tudo foi escrutinado no momento, continua a ser. E será.
Hoje recebi nova carta desse Amigo:
"Habemus scriptum?"
Amigo, obrigado por me me recordares que, se nem tudo pode ter uma causa controlável, o mesmo tudo tem que ter um resultado, que de alguma forma, ou de todas de preferência, seja um sucesso para o Futuro. Seja ele qual fôr.
E com tudo isto, vou tentar não deixar de te responder. Não sei se tenho escrito ou escrevo um livro. Sei que faço um trajecto, e no meio desse, tenho ficado a conhecer-me melhor (eu que pensava conhecer-me e conhecer os outros melhor que qualquer Ser Superior). Por falar em Seres Superiores: Obrigado pela confiança. E espera comigo pelo resultado. Nunca será menos que um "Pullitzer"!!
E nunca esqueçam, que mesmo à luz da Lua, "a luta continua"!
Trovador,
ResponderEliminarHoje quando chegar a casa vou reservar um espaço na estante, aguardando esse corpo em formação...