sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Pensar e viver simples (segundo os poetas e este trovador)

"Um dia, ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar
E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar
E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz"


Vinicius regressa à luz da Lua, hoje na companhia de um outro génio, Chico Buarque de Hollanda, com a sua "Valsinha".
Trazem uma história simples. Uma história que nos lembra que há sempre um momento em que podemos fazer diferente, em que podemos optar por não complicar. Normalmente resulta. Mas normalmente é também raro ousar ser simples.
Eu confio na genialidade e na simplicidade. Adoraria dançar esta valsinha. E viver em Paz.
Lua, danças comigo?


Boas valsas e valsinhas, fiquem bem à luz da Lua.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Chega de saudade!

"Vai minha tristeza
e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza, é só tristeza
E a melancolia que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca
Dentro dos meus braços os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim"

Vinicius de Morais escreveu, Antonio Carlos Jobin musicou, João Gilberto imortalizou e eu continuo a fazer deste pedaço de genialidade "tripartilhado" um grito de resistência, uma prece Lunar.

Bons sonhos. E fiquem bem, à luz da Lua.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Habemus scriptum? Ou encontras Garcia?


Algures em Setembro passado, um amigo daqueles com "A" (um dia, conto aqui a história da madre benfiquista de Almoster e da conquista do "A"), escreveu-me uma carta (dos tempos modernos, via e-mail, mas uma missiva, carta sem selo, mas carta, de amigo:

"Bom Dia Hugo,

pelo menos assim o espero que venha a ser, bom!

Vinha no carro a pensar, que a minha equipa, se calhar já tinha atingido maturidade, para levar com a treta do "levar-a-carta-a-Garcia". Pensava que lhes podia dar uma ajudinha no sentido de apurarem a autonomia e subirem um degrau na escada do desenrascanço.

Depois, a cortar este raciocionio, e mesmo antes do "Portugalex", apareceu o Paulo a dizer que "depois do adeus" as coisas ficam outras.

A mistura, de ausencia de sono e de um cérebro matinal ainda por refrescar, detonadora de miscelanias reflexivas, induziu-me ao seguinte beco:

O Hugo está na Alemanha vai fazer quase um ano. De certeza que não vai conseguir arranjar tempo para se matricular numa universidade para melhorar conhecimentos e CV, e as causas para o não fazer são simples e aparentemente bem justificadas:

O TRABALHO. Esta obsessão que temos de sentir-nos disponiveis. Todos os restantes compromissos, que não profissionais, parecem peso e fazem lastro imobilizador para a nossa disponibilidade laboral. Pelo menos esta foi a sensação que presidiu às minhas decisões de não inscrever-me na Sorbonne. Bom, mas ao que íamos:

Vai fazer um ano.

Eliminada que está a possibilidade académica (saber admitir derrotas prepara-nos melhor para a vitória - não estou a citar, é proprio), para além de nos sentirmos mais leves, abre-nos uma outra porta: então quê? (para alem do banco, já sei...). Pois tive uma ideia: enquanto continuas a levar a tua carta a Garcia (o próprio demorou 10 meses, tu seguramente mais) por que não escreves um livro?

Esta ideia não há-de de angustiar obviamente porque:

Rediges bem,
tens tempo,
emocionalmente não podias estar melhor (a sofrer)"

Fez-me pensar em mim e em tudo. Principalmente nas opções que tinha tomado e nas outras, de vida, que estava a tomar. Confesso: nunca tinha pensado tanto. Nem sequer sabia que era capaz de equacionar tanto por tanto em tão pouco tempo. Soube uma coisa: havia que urgentemente que saber o que iria significar no futuro para mim, esta opção. Uma provação? Uma conquista? Um passo ao lado? Um decisivo passo em frente? Profissional? Pessoal? Tudo foi escrutinado no momento, continua a ser. E será.

Hoje recebi nova carta desse Amigo:

"Habemus scriptum?"

Amigo, obrigado por me me recordares que, se nem tudo pode ter uma causa controlável, o mesmo tudo tem que ter um resultado, que de alguma forma, ou de todas de preferência, seja um sucesso para o Futuro. Seja ele qual fôr.

E com tudo isto, vou tentar não deixar de te responder. Não sei se tenho escrito ou escrevo um livro. Sei que faço um trajecto, e no meio desse, tenho ficado a conhecer-me melhor (eu que pensava conhecer-me e conhecer os outros melhor que qualquer Ser Superior). Por falar em Seres Superiores: Obrigado pela confiança. E espera comigo pelo resultado. Nunca será menos que um "Pullitzer"!!

E nunca esqueçam, que mesmo à luz da Lua, "a luta continua"!




quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Uma trova fora do comum

Fora do comum porque o que se fez comum, normal ou extraordinário, é esta luz ser um espaço de canto de amor livre, onde canto o que sinto e cantando faço aumentar vontade, onde transformo realidade em sonho, espera em esperança, mágoa em perseverança, desencanto em desejo. Fora do comum porque hoje não olho e canto a Lua, hoje olho para mim a olhar a Lua. Vejo-me a admirá-la ao longe, a esperar os seus designios. Fora do comum porque sinto faltarem-me forças para cantar. Sinto a mesma vontade de sempre, quero ter a mesma perseverança de sempre, mas volto a sentir-me fraco. Como sempre fui antes de a luz da Lua me ter iluminado. Cantador egoista eu, que anseia por ser cantado. Mas a história, a filosofia, a teologia e até a poesia mais empírica ensina que tudo tem a sua ordem e ela é inalterável. Há quem cante e quem tenha que cantar. Mas hoje, fora do comum, não tinha outra forma de dizer que até o mais iluminado dos trovadores se pode sentir no vazio, fraco e a precisar de ajuda. E como "o que é do blog, fica no blog", aqui fica uma trova incomum, tão sentida como todas as outras que escrevi e voltarei a escrever. Sim, voltarei a escrever, porque há coisas e sentires que não mudam, por muito irracional que isso possa parecer ou ser.

Como já devem ter percebido, embora esteja lá, esta noite não há Lua. E trovador sem Lua fica assim, estranho, fora do seu mundo, incomodo e incomum.
É fora do comum, mas continua a ser para ti, a chamar por ti, Lua.