quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Vai e volta, e será... talvez, o poema da minha Vida.

"No teu poema,
existe um verso em branco e sem medida,
um corpo que respira, um céu aberto,
janela debruçada para a vida.
No teu poema existe a dor calada lá no fundo,
o passo da coragem em casa escura
e, aberta, uma varanda para o mundo.
Existe a noite,
o riso e a voz refeita à luz do dia,
a festa da Senhora da Agonia
e o cansaço
do corpo que adormece em cama fria.
Existe um rio,
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema existe o grito e o eco da metralha,
a dor que sei de cor mas não recito
e os sonhos inquietos de quem falha.
No teu poema
existe um cantochão alentejano,
a rua e o pregão de uma varina
e um barco assoprado a todo o pano.
Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe a esperança acesa atrás do muro,
existe tudo o mais que ainda escapa
e um verso em branco à espera de futuro."

A ouvir este poema - e quantas repetidas vezes o ouvi, e ainda ouço - travei as minhas primeiras lutas de consciência. Enfrentei os meus primeiros dilemas. Causei os meus primeiros danos. A recitar este poema - e já pouco o recito, confesso - tentei afirmar-me como diferente, mudar o Mundo - que pensava então querer ser mudado. Acompanhou muitas das minhas vitórias, esteve sempre presente na auto-reclusão dos fracassos. No passar dos anos e no acumular de experiências tornou-se-me de tal forma familiar que me fui convencendo que fora feito para mim, ou talvez, por mim - numa outra vida. Engano o meu. Hoje sei. Ao reencontrá-lo agora, à luz da Lua, compreendo o porquê de me acompanhar há tanto tempo. Era já eu a aprender, a conhecer, e sem o saber, a contar e cantar, não um poema por mim e para mim feito numa outra vida, mas sim o poema que lhe entendo pertencer, e agora dedico a uma vida qualquer... Algum motivo havia de ter. ´
Fiquem bem, à luz da Lua.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Milagres, ou melhor, mudanças. Enfim, um outro tipo de trova.

Sem mais. Agora o trovador tem um blogue. Sem obrigações de actualização, sem estatuto editorial. Sem equipa nem redacção, operação de marketing ou publicidade. Nasceu do nada, por milagre de vontade ou mudança de atitude, por graça ou necessidade. Não sei, se alguém souber ou quizer alvitrar, este espaço é livre e não censurado. Ou não estejamos todos, sob a luz da Lua. É um espaço, onde não sei ainda muito bem o que quero fazer. Acontece a quem quer fazer de tudo não sabendo de quase nada. Mas vou, ou vamos, ter tempo de aprofundar esta temática. Uma coisa sei. Seja o que fôr aquilo em que se transforme, tem e terá sempre dedicatória. À Lua. À minha Lua! Que seja então uma nova forma de trova. E que seja bem vindo quem vier por bem.
Fiquem bem, à luz da Lua.