terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Não é de hoje e não será de amanhã, mas sinto que ...

Quando a consciência crescente e a Lua Cheia, alargava e alegrava o horizonte, eis que a neblina, embora persista em querer acreditar que não mais que meros passageiros e instáveis bancos de nevoeiro, teima e volta a fazer redobrar esforços de navegação com olhos postos nos metros mais próximos.
A imprescindível cautela, obrigatória e necessária a quem muito quer chegar ao destino, à sua terra prometida, ao seu sonho lunar, obriga a retomar estudos e orações, a retirar do baú as cartas de marear e a reorientar rosas dos ventos, a criar ainda maior capacidade de paciência e tolerância face às intempéries. Caso contrário, o desaire, o naufrágio pode ser inevitável, mesmo que nunca se tenha por eminente.

Insisto em preferir a prosa à poesia, embora vá beber aos poetas da inspiração, do desapego e do desassossego. Prefiro a prosa, porque embora o que sinta seja digno da maior das representações poéticas, o tempo e os tempos desaconselham tal euforia. O tempo está frio e nublado, os tempos apresentam-se-me como mais de mais perguntas do que de viver e exultar respostas. Há que, com apaixonada paciência, aguardar que estas reincidentes nuvens se dissipem e que os tempos que o amanhã trará sejam de poesia apaixonada, Camoniana, ou se Deus realmente for meu amigo, de tipo casamento de Camões com Bocage.

Há que ter confiança, manter o rumo e vontade. Porque a força que me prende ao leme, não sendo a do Príncipe Perfeito, também vence monstrengos. Assim o quero, assim insisto, assim o desejo. Assim seja.

Lua, estou contigo. Que voltes a sentir-te, a estar Cheia, feliz, confiante. Que voltes:

“Hoje voltei a acreditar.A acreditar em mim. A acreditar que há quem acredite em mim. Hoje inicie um projecto, um projecto meu, um projecto em que acredito. Pouco importa se falhar, aprenderei com ele, aprenderei comigo. Com as minhas opções, com as minhas decisões, com os meus erros.Hoje voltei a acreditar e estou feliz “
SBD 18.01.2008


Assim, juntarás à minha a tua força, agarrando o leme, que insisto em sentir que não guia apenas o meu querer e sentir, mas também a rotação lunar. Conto contigo, preciso de ti.

E entretanto, fiquem bem à luz da Lua.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A Lua, o nosso amigo e os "Sás Carneiros"!

"Como eu desejo a que ali vai na rua,
tão ágil, tão agreste, tão de amor...
Como eu quisera emaranhá-la nua,
bebê-la em espasmos de harmonia e cor!...


Desejo errado... Se eu a tivera um dia,
toda sem véus, a carne estilizada
sob o meu corpo arfando transbordada,
nem mesmo assim – ó ânsia! – eu a teria...


Eu vibraria só agonizante
sobre o seu corpo de êxtases dourados,
se fosse aqueles seios transtornados,
se fosse aquele sexo aglutinante...


De embate ao meu amor todo me ruo,
e vejo-me em destroço até vencendo:
é que eu teria só, sentindo e sendo
aquilo que estrebucho e não possuo."


Amigo, este foi o desafio que sabias que eu abraçava. Esta foi a superação que nos desejaste. Quero que saibas que começamos a negar positivamente todo o modernismo egocêntrico de Mário Sá Carneiro. Que com calma e em tempo, vamos descobrindo, que a ânsia deixa de ser agonizante quando nasce espasmática num abraço, sentido e vibrante, alimentado pela vontade apaixonada de dois seres aglutinantes.

Que saibas que este poema oferecido, tem sido um estímulo e uma fantasia perseguida, até hoje, em segredo. Obrigado.

Que tu e a minha Lua saibam, o quanto a vossa amizade me ensinou, que a Amizade para ser verdadeira e sentida tem mesmo que ser "amiga", libertadora e incondicional.
Ah! E ficam tão bem. Lamechas os dois. Como eu gosto!
E espero que aprendas muito em breve, o caminho de Dusseldorf. Onde terás sempre dois amigos, daqueles!!


Há vinte e oito anos morreu outro Sá Carneiro. Não eram familiares, mas tinham ambos uma característica comum: estavam à frente do seu tempo. Um matou-se porque não o compreendiam. O outro, mataram-no porque o sabiam diferente.
Não sei se tivesse vivido, o teria conseguido. Mas sei que vinte e oito anos depois da sua morte, o seu desejo continua por realizar: "...um Pais onde os idosos tenham presente; onde os jovens tenham futuro!"
Só isso, o sonho não cumprido, interrompido por vontade de outros, me bastava para continuar a lembrar o seu nome. Mas infelizmente, cada vez mais vejo motivos para ter saudades dele. E muito menos românticos.


Lua, o poema revelado era o que estava na carteira "de Basileia". O resto, melhor que ninguém, entendes à primeira leitura. Sem racional lógico, que esse não é para aqui chamado. O outro Sá Carneiro é também um amigo meu, nosso.
E fiquem bem à luz da Lua. Eu prometo, vou dormir.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Que posso fazer? Estou apaixonado!

Começo as semanas às Sextas-Feiras. Envio mensagens depois de telefonar. Anseio por respostas mesmo quando já as conheço. Tomo o pequeno almoço antes de me deitar. Agora vou tentar dormir antes de acordar. Mas não resisto a dar-te já um beijo de bons dias, Amor.

Bom dia dos fatos! E fiquem bem, à luz da Lua.

domingo, 23 de novembro de 2008

A neve e a lareira

"Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
e cai no meu coração. "

(Augusto Gil)

Hoje não pára de nevar em Dusseldorf. Também eu hoje a olho por detrás da vidraça. Ainda não vi, felizmente, nenhuma criança descalça a deixar sulcos no caminho.
Mas confesso que o meu ânimo está a sofrer com tanto branco e com a falta que me fazes para colorir o horizonte. Desculpa, por vezes sou eu a neve do teu desânimo. E não queria.
Da próxima vez que nevar em Dusseldorf, quero-te comigo junto à lareira.

E acho que hoje ainda não te disse que te amo. Amo-te! e fiquem bem, à luz da Lua.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Cada dia, maior a certeza

Sou romântico, apaixonado.
Optimista e sofredor.
Idealista e pragmático.
Tenho medo, pânico por vezes. Mas arrisco e assumo.
Tremo e agonizo mas não perco a esperança.

No que é que isto me transforma?
Não sei. Apenas sei que sou assim.
Por ti. Por mim.

Amor. Cumplicidade. Intimidade. Respeito.
Tudo o que procuro. Tudo o que tenho para dar.
Cada dia que passa, maior a certeza.
És tu. Sou eu.

Quero crescer contigo, aprender contigo. Ganhar o mundo, contigo.
E que cresças, aprendas e ganhes mundo, comigo.
Mas sempre no calor seguro dos nossos abraços.
Nada vale mais que um sorriso teu, nosso.

Há dias que fazem uma vida passar à nossa frente, como um filme.
Hoje foi um desses dias.
Já sei quando abrir o Chardonay, que continua a ganhar a temperatura ideal.

Bons sonhos. E fiquem bem, à luz da Lua.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

De doze para treze ou a importância do teu sujeito

Aceito hoje como verdade que as certezas trazem a segurança. Sinto que as incertezas causam maiores inseguranças. Reconheço que haja quem se sinta mais seguro na incerteza do que na verdade da certeza.
Pode-se viver uma vida inteira seguro de uma verdade e ser-se inseguro. Pode-se ganhar uma vida de insegurança num momento de verdadeira certeza.
Trazendo outros conceitos a este baile de palavras, acrescento que acredito poder acontecer a verdade num momento de insegurança e a incerteza conseguir dar felicidade a quem muito se sentia seguro de o não conseguir ser.
O tempo tanto constrói certezas como causa inseguranças. O tempo e tudo aquilo que se faz ou não faz dele, ou melhor, com ele. E com as nossas certezas, com as nossas inseguranças, com a nossa verdade. E claro está, a dita da felicidade anda sempre a rondar, para essa temos sempre a certeza de ter tempo, mesmo que inseguros. Mas nunca estaremos seguros de a estar a sentir. Talvez seja essa insegurança a raiz e a razão da vontade irresistível de ser feliz a todo o tempo. Com mais ou menos segurança.

Releio esta prosa e parece-me confusa, complexa, irreal, fantasiosa, por vezes alucinada.
E é. Porque na prosa como na vida, o que dá sentido, seja ele qual for, ao uso dos substantivos, à colocação correcta dos adjectivos e advérbios, bem como às conjugações verbais, é a existência do sujeito. Sem ele, pode estar tudo correcto, mas dificilmente fará sentido. Sem mim (o eu), tu, nós e os outros.

Numa madrugada de doze para treze aqui há umas vidas atrás, começámos inseguros a caminhar na certeza de querer viver a verdade, e de verdade. As incertezas fazem parte do caminho, mas tu dás-me a vontade irresistível de ser o sujeito das tuas frases. Desde essa madrugada e é cada vez mais verdade.

Se a prosa continua complexa, eu volto do Campo Grande. Amo-te! Quero-te feliz!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Preciso de mais tempo!

Chegou à pouco a notícia. De sete, restam dois. Um é o meu. E a Vida insiste em recordar-me o seu caminho inexorável rumo ao inevitável. Eu insisto que tal perda só é suportável se antes da sua inevitabilidade se concretizar, tiver sido capaz de reiniciar o ciclo, de criar as amarras e o sentido para que um dia, alguém possa vir a sentir o mesmo medo que eu agora sinto. Eu persisto na minha cruzada pelo Amor, pela Família, pela Amizade, pelo Bem-Estar, pela Compreensão, pela Honestidade, pelo Sorriso. Os seus valores de sempre, que são os meus por herança e por consciência. Quero aproveitar tudo o que a Vida tiver de bom para me proporcionar, mas também quero conseguir um dia envelhecer a amar, com um sorriso.
Preciso de mais tempo para lhe proporcionar a maior das homenagens.Vêr-me feliz!

Lua, quero, vou persistir, contigo. Fiquem bem, à luz da Lua.



quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Muitas letras fazem uma Vida

Sou alentejano. Foi rodeado pela paisagem do Alentejo e a sentir o seu tempo muito próprio que cresci, que descobri os sentidos e eduquei os sentimentos. Foi no Alentejo que te olhei pela primeira vez, Lua!
E foi ao Alentejo que hoje fui buscar a minha trova.
Se há coisa que o Alentejo, a sua paisagem, a sua história e as suas gentes nos podem ensinar, é a renascer. A ter energia, força e vontade. Que depois de um sonho, vem sempre uma realização maior. Como depois do trigo, vem o restolho, e o restolho é toda uma vida. Com entrega alucinada e um coração cheio.


Geme o restolho, triste e solitário
a embalar a noite escura e fria
e a perder-se no olhar da ventania
que canta ao tom do velho campanário



Geme o restolho, preso de saudade
esquecido, enlouquecido, dominado
escondido entre as sombras do montado
sem forças e sem cor e sem vontade



Geme o restolho, a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda



Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho

há que penar para aprender a viver


e a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim, dia não
é feita em cada entrega alucinada
prá receber daquilo que aumenta o coração



Geme o restolho, a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda



Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar para aprender a viver



e a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim, dia não
é feita em cada entrega alucinada
prá receber daquilo que aumenta o coração.



(Mafalda Veiga)


Lua, estou parado. À tua espera. Para renascer contigo. E sempre à tua luz, à luz da Lua.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O dever do sonho

Um sonhador tem direitos e deveres.
O direito de sonhar com aquilo que bem quizer.
O dever de acreditar possuir a capacidade de realizar os seus sonhos.
Sou um sonhador a lutar por cumprir o meu dever.

Sonha comigo, luta também comigo. Fiquem bem, à luz da Lua.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Não é justo!

Quando se ama profundamente, apenas procuramos ajudar, estar presentes, ganhar um sorriso.
Não é justo, quando nesse processo intenso, tropeçamos em nós, e o sorriso foge. Não é justo.

Mas amanhã, é um outro dia. Fiquem bem, à luz da Lua.