domingo, 6 de abril de 2008

O sorriso da Lua e a vontade do nosso amigo Deus!


Hoje quero ser simples, mas comprovadamente sincero, único caminho para ser eficaz.
Assim, sem demoras nem delongas escusadas, começo por trazer à Luz da Lua um texto inacabado (Deus saberá porquê, ele que é tão nosso amigo), que escrevi, ou comecei a escrever - como queiram, numa tarde de Setembro, enquanto à minha frente se tratavam com afinco interesses contabilisticos de terceiros.

"Amora, 15 de Setembro de 2007

Toda a minha vida (consciente) lutei contra a solidão.Não sei se por ter tido uma infância muito feliz e uma família que me colocou no centro das suas preocupações e que sempre tudo fez para que me sentisse bem e aconchegado, ou se à contrário, porque sempre senti muito forte a presença da importância da vida dos próximos na minha e o vice-versa. O facto é que nunca tolerei a solidão - embora em boa verdade grande parte da minha vida tenha sido vivida mergulhada no seu seio - sempre me dei mal com ela, por vezes, vivi o desespero do estar só. Sem saber como nem porquê, dava por mim estados de ansiedade tais que me levaram a espaços a percorrer caminhos de depêndencia - que reconheço e não vanglorio, mas dos quais também não escarneio nem desvalorizo - pois neles encontrei não raras vezes momentos e pessoas que me fizeram sentir vivo, e mais que isso, uma pessoa interessante e capaz de fazer outros olharem para si mesmo com olhos mais simpáticos e amigos. Também nesta minha luta fiz vítimas, por vezes, não tão raras quanto hoje quereria que fossem, com crueldade e frieza selvagem. Quase como que se na savana tivesse que matar para não morrer e ou comer para não ser comido. Experimentei as técnicas da dissimulação, do embuste, do despiste e perseguição, do cínismo, da indiferença, da aparente tolerância, por vezes até da mentira pura. Puz à prova as estratégias - quase de guerra - do duelo, do triângulo obtuso, do quadrado ocupado, e sobretudo e também mais eficaz, do toca e foge."

Passaram alguns meses e nunca mais me tinha lembrado de tal escrito. Hoje, saltou-me à frente. Talvez por ter tempo demais a sobrar-me, tudo me salta à frente com uma grande facilidade. Tentei lembrar-me o que quereria eu dizer naquele dia. Que estaria eu sentir? Que palavras ou forças me faltaram para terminar de expôr as ideias ou sentimentos que comecei a pôr por escrito? Percebi que estava a pôr o meu passado a nú, a expôr-me, a arriscar. Mas não entendo ainda qual o seguimento das ideias, qual o objectivo.

Neste exacto momento em que escrevo na Luz da Lua, estou a jantar. Um arroz com gambas, tão apimentado que além de mim, só uma ou duas pessoas que conheço conseguiriam partilhar comigo esta refeição. E porque está tão apimentado? Será apenas por gosto de coisas fortes? Não. Acredito que o meu crescente gosto por comidas fortes e apimentadas está directamente relacionado com a falta que sinto de sal e pimenta na minha Vida. A Lei das Compensações existe.

Enquanto como o apimentado e escrevo, salta-me à memória, uma "conversa lunar" com dois dias, da qual vos confidencio uns excertos:

Trovador:
Deixaste-me sem capa nem carapaça.
Lua diz:
Agora não precisas de protecção, aliás nunca precisáste.
Trovador diz:
Escondia-me atrás dela, para evitar sofrimentos e sensações que pensava fazerem-mal. Descobri que não. Mesmo que por vezes sofra, prefiro mil vezes amar assim como te amo, e estar desarmado assim como estou, e sentir cada toque, cada gesto, cada palavra tua como sinto, do que continuar a viver num mundo que afinal era só meu, tão meu que mais ninguém o percebia ou queria ou apreciava, embora me protegesse. Me protegesse de algo que hoje já nem sei o que era.
Lua diz:
Fazes umas declarações de amor lindas, sabias?


Ontem, tive consciência que a minha incessante procura de companhia lunar, causa um sentimento de pressão, de cansaço, de desgaste, de culpa por estar impotente, que lhe faz mal, que a entristece, que nos pode afastar mais que a incómoda presença de Espanha, França e Suiça entre nós. Podem revêr essa tomada de consciência no post abaixo.
Mas apesar dessa consciência, persisto no erro. E hoje, com esta minha obstinada procura da sua companhia e presença na minha vida, provoquei lágrimas à Lua. Provoquei-lhe tudo aquilo que é oposto ao que lhe pretendo causar.

Como Deus vê as nossas vidas com olhar de eternidade, e nós apenas com visão temporal limitada, talvez agora comece a entender o significado daquilo que tentava escrever naquela tarde de Setembro. Talvez eu estivesse tentado a dizer: Mudei por ti. Estou aqui por ti. Desarmei-me por ti. Dá-me um bocado mais de ti. Não quero voltar a ter de fugir. A ter de voltar à solidão protectora. Hei! Estou aqui!
Talvez agora o que tenha que perceber, é que me diz: Mudei por ti. Desarmei-me por ti. Estás longe, mas estás aqui, sempre. Ajuda-me a não ter que procurar a solidão protectora. Hei! Estou aí!
E Deus é muito nosso amigo! Faz-nos estar em sintonia. Sentir as dores e anceios um do outro.

Amor, estou aí. Sinto que estás aqui. E em breve vamos estar juntos, para que não existam lágrimas, demasiado valiosas, choradas apenas porque o nosso grande amigo Deus nos deu a graça da sintonia de pensamentos e sentimentos, antes da benção da partilha da presença no dia a dia. Antes assim que o contrário.

E como o teu sorriso, neste momento para mim assume importância de Carta das Nações, a eficácia deste e de todos os meus escritos lunares é medida pelo movimento de alongar dos teus lábios. Aqueles lábios que um dia sentiram um beijo eterno, meu.
Eterno mas não perpétuo, por isso prepára-os para muitos mais.
E nunca te esqueças, da música que (fatela ou não, é com todo o sentir) que um dia te ofereci.

Que a sintonia de coração nos continue a fazer sorrir. E que fiquem bem, à luz da Lua.

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