quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Três tópicos apenas


I.
Não. Definitivamente não. Ninguém tem culpa, ninguém que não eu é responsável por eu ser aquilo que sou, da forma que sou.
Se tive ou tenho influências? Claro que sim. Qualquer construção, mesmo a de personalidade é influenciada por um largo conjunto de factores e de pessoas. E isso é o normal e o desejável. A diversidade de experiências e influências tenho-as como úteis, necessárias e desejáveis. Mas a responsabilidade é pessoal e intransmissível. Minha. Que escolho, arrisco ou me acomodo, persisto ou desisto, cresço ou desapareço. Em consciência ou por impulso, com ou sem arrependimento posterior. Imputar responsabilidades dos meus erros ou sucessos a influências, boas ou más, a presenças ou ausências de terceiros, a bons ou maus exemplos ou experiências, é para mim, a suprema menorização do eu e da capacidade de assumir a construção da própria personalidade, da própria vida. Sim, sou eu e só eu o responsável. A todos os que me acompanharam e acompanham, me influenciam (independentemente da bondade dessas influências), só posso dizer obrigado por me ajudarem a ser quem sou.

II.

Sempre fomos aquilo, que com o tempo fomos convencionando informalmente de designar, de funcionais. Mais de fazer do que de dizer. Mais de estar lá do que dizer de que estaremos sempre lá. Mais de acarinhar e amparar do que de trocar mimos verbais. Mais de estar sempre atentos às necessidades e tentar antecipá-las do que de dizer “gosto de ti” ou “és importante”. Mais de sofrer por antecipação a qualquer percalço do que a cobrir de beijos. Sempre fomos pouco tácteis, de poucas palavras “mimosas” mas sempre fomos e somos de acções de Amor. E sim, com poucas palavras mas de uma sensibilidade e ternura extremas, que nunca me fizeram sentir falta de exprimir ou sentir expresso em palavras que já qualifiquei de “mimosas”. Amo-vos intensamente! (ups, resvalei para a “mimosidade”, não há mal)

III.

Tudo o que vivi até hoje, do berço no quarto dos meus pais até à cama com vista para a árvore da Charlottenstrasse, tem sido construção minha. Decisões minhas sobre opções de momento, umas ponderadas outras irreflectidas. Vitórias e derrotas minhas, com festa e dores que compartilhei e compartilho com quem as sente também como suas. Caminho percorrido ora em solidão, ora nas melhores companhias. De tempos a tempos questiono o meu caminhar, questiono a minha solidão, questiono as minhas companhias. E persisto ou arrepio caminho. E recomeço. Sem ponto previsível de chegada mas sempre com a linha do horizonte à vista.
Não me construí ainda o suficiente para tentar sequer ser juiz de quem comigo se cruza no caminho, muito menos de quem me ensinou a andar ou de quem comigo fez ou faz caminho. Mas já me construí o bastante para não aceitar como verdades absolutas as opiniões que de mim têm, sejam bondosas ou maldosas. Pois, se me pedirem que me defina, direi que não sou bom nem mau, teimo sim em ser sempre diferente. Seja isso o que for.

E como sempre, quero-vos bem, à luz da Lua.

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