quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Curta-Metragem. Com dúvidas, consciências, inconsciências, confissões, pedidos e desejo. Guião com poucas linhas, aberto a delírios de realização!

Porque será que quanto mais quero, menos consigo?
Porque será que quanto mais me entrego, menos me aceitam?
Porque será que quanto mais valorizo, menos importância tenho?

Já não tenho quinze anos. Já não tenho a inocência e a ingenuidade de pensar que tudo acontecerá em conformidade com os meus sonhos. Que tudo se conjugará na perfeição como se fosse um puzzle de meia dúzia de peças.
Mas também não tenho sessenta anos. Ainda não consigo ter a resignação de quem toda a vida quiz e nunca conseguiu. Não quero ter a consciência de quem podia ter vivido uma vida feliz e aceitou simplesmente a que lhe permitiram.

Sei que as coisas são como são. Enquanto nós quizermos que sejam.
Sei que é díficil encontrar outros motivos de realização. Mas que não é impossivel.
Sei o tão confortável que é simplesmente esperar que as coisas aconteçam por si. E também conheço o desespero de quando não acontecem.


Hoje sei o que é ser amado, mas mantenho o meu maior defeito, o egoísmo. Continuo a querer sempre mais.
Estou aqui. Cheguei aqui. Por ti. Quero ficar. Contigo. Não deixes de me amar.


Fiquem bem, à luz da Lua.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Tic Tac da Porta Aberta

O Natal passou. E passou muito bem. Foi dos bons, daqueles que deixam marca. Não o esquecerei.
E hoje dou por mim com um relógio no pulso. Lindo!
Mais que um relógio de marcar horas, um sinal dos tempos. Que os tempos mudam, que são novos os tempos.
A memória da vivencia deste Natal e o girar dos ponteiros do meu relógio novo, trazem-me uma confiança acrescida nos tempos futuros.
Saiba eu ao olhar os ponteiros, que o avançar do tempo obedece a tempos próprios. Mais que um fácil trocadilho de palavras, é um desafio à minha impaciência.
Meu S. Bento, o meu muito obrigado. E mais uma vez, peço a tua ajuda, para que consiga compreender e respeitar todos os tempos.

Preparem-se todos para os novos tempos. Vivam-nos! E fiquem bem à luz da Lua!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Natal Lunar

Simplesmente é Natal. Noite de Amor! De Vida! De esperança no Futuro! Noite de Fé!
Vai ser noite de Lua Cheia! E eu vou estar muito bem à luz da Lua. Onde quero estar.
Feliz Natal a todos! Vivam de coração aberto este primeiro Natal da era Lunar.

É natal, fiquem bem à luz da luminosa Lua!

domingo, 23 de dezembro de 2007

Não há pai para Deus

Enquanto despia a alva branca que envergava, após ter acolitado na Eucarístia de Domingo, a criança atira sobre a sua catequista: "Quem é o pai de Deus?" Sim, porque se Jesus é filho de Deus, de quem será neto? E não faz sentido, tão importante entidade ser filha de pai incógnito. Resumiu a criança de oito anos, na sua ingenuidade e curiosidade, milhares de anos de ateísmo militante. Quantos tratados já se escreveram sobre o tema, quantos ilustres pensadores já dissertaram sobre as origens da religião e das crenças. Mas até hoje, ninguém consegiu através da razão responder à inocente pergunta da mais inocente criança. Também nenhum tratado de Teologia ou Epístola Papal tem a desejada resposta.
Não vou ser eu a responder, claro que não. Tenho para mim a resposta, mas há perguntas que cada um de nós tem que ter a sua própria resposta. Trouxe esta criança à Luz da Lua apenas para me ajudar a introduzir um outro tema, mais terreno, mais meu. Porque insitimos todos - sem excepção - tentar encontrar através da Razão resposta para todas as questões, sendo que a maioria delas - diz-nos a mesma Razão - não tem resposta racional. Porque nos tentamos esconder de tudo o que não conseguimos explicar, mas sentimos, atrás da nossa pretensa racionalidade? Porque se foge do que não compreendemos, mesmo que nos sintamos bem com o que não tem explicação? Porque nos é tão díficil assumir um "não sei, não importa, não quero saber" e nos preocupamos apenas a viver o mais intensamente possivel o que sentimos, mesmo sem saber o porque o sentimos? Que interessa saber se Deus tem pai?
Existe medida para tudo. E a Razão não é a medida certa para os sentimentos, nem para as emoções. Apenas os reprime, ofusca e mata. Não os consegue medir.
Eu vivo um turbilhão de emoções. Habitam em mim sentimentos maiores que eu. Que por falta de espaço - e não sou propriamente pequeno - por vezes transbordam, e como qualquer enxorrada, não escolhem o caminho certo, nem anunciam hora e fazem vítimas não escolhidas. Mas uma coisa garanto: não vou perder tempo em tentar racionalizar. È contraproducente. Quanto mais me preocupar em controlar racionalmente os efeitos do que sinto, menos me dedico às suas causas. E são sempre as causas que devem ser combatidas ou acarinhadas. As causas do que sentimos são o verdadeiro motor do tractor que puxa as nossas vidas. E acredito que as causas nos são sempre conhecidas, podemos em querer não as assumir ou revelar, escondendo-nos atrás da falta de Razão para elas.
O tempo foge. Vai e já não volta. Como a Vida, ao passar, torna-se irrepetível - a minha, a vossa, ou uma qualquer vida. Sem Razão, ou por muitas razões induzidas ou deduzidas. Mas o que importa é o facto de só termos uma, e não raras vezes, apenas dispômos de uma oportunidade de a agarrar, em tempo.
A paixão e o amor à Lua trouxeram-me a consciência do tempo, das perdas de tempo, da falta de tempo, da importância dos tempos que passam e não se repetem. Trouxe-me também a convicção que o que realmente me move e contenta, me importa e marca, são os sentimentos que transporto e transmito, as emoções que vivo e faço viver. Tudo o mais é razão pura. Tudo o mais, são tratados dedicados a explicar a uma criança de oito anos, o que não tem sequer explicação. Déscartes há "alguns" anos atrás fez também a sua "Crítica da Razão Pura", arrasando Kantianos e Hegelianos. A mim, não me importa ter razão. Não sou um pensador, não quero fazer mais um inútil tratado sobre o meu pensar ou o dos outros. A mim, apenas me interessa conseguir viver o tempo que sempre foge, no mundo das emoções e deixar transbordar os sentimentos. Hoje acredito que hà coisas que ou se vivem ou se pensam nelas. Prefiro viver. Fácil? Não. Fácil é elaborar teorias, construir problemas e muros. Fácil é escrever textos - como este - que querendo dizer muito, não serve a ninguém. Dirigir sentimentos, aproveitar emoções, viver o tempo a tempo com paixão e amor, é - pelo menos para mim - mais díficil. Mas, porque a Lua existe, não vou ser dado a facilidades. E tudo farei para lhe conseguir dár resposta - um dia atrás do outro - através do meu sorriso e mão estendida, à dúvida do ano passado neste mesmo dia. É isso que me faz sentido, sem Razão ou razões. Mas com muito desejo. E com desejos de sem Razão ser feliz a fazer feliz.
Prefiro o risco de tentar, ao cómodo - embora não pareça - que é apenas querer arranjar razões que a própria Razão desconhece. Prefiro o beijo ao suspiro. O abraço ao aceno. O transpirar à lágrima. O perder tempo a amar ao ter tempo demais para pensar nisso.

Deus tem pai. Por muito estranho que pareça, é pai de si próprio. Mas isso até uma criança de oito anos sabe.

É quase Natal e não é fácil escrever o que sinto. Fiquem bem, à luz da Lua.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Outro tipo de Boas Festas, é preciso!

Hoje é um daqueles dias em que as nossas caixas de e-mail pessoais ou de empresa são inundadas por mensagens de Boas Festas. Compreendo o porquê. Respeito, agradeço e retribuo. Mas ao mesmo tempo acredito que para as pessoas que realmente nos importam, de quem realmente gostamos e amamos, temos forma de ser mais intensos e originais. Bastará estar atentos, conhecê-los e fazer um esforço para lhes corresponder àquilo que sabemos que mais valorizam, que mais nos necessitam. Bastam provas de Amor. Porque se nos remetermos apenas ao sentimento natalício, já houve quem tivesse dito que:
"A Melhor mensagem de Natal é aquela que sai em silêncio dos nossos corações e aquece com ternura os corações daqueles que nos acompanham na nossa caminhada pela vida."

Boas Festas, e fiquem bem à luz da Lua.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Intervalo

Hoje fechei um ciclo da minha vida. Com tudo o que teve de bom e menos bom, com tudo o que aprendi e partilhei. Ficam cinco bons amigos. E um carinho especial por aquela zona do pais. Sempre pensei que quando este dia chegasse seria para "assentar arraiais", mas as curvas do destino alteraram a linha desse meu horizonte. Daqui a pouco um outro ciclo terá inicio. Ainda mais exigente, decerto muito mais penoso. Que o balanço no final, seja tão positivo como o que hoje faço. Agora entro em tempo de intervalo, entre ciclos, tipo férias escolares entre periodos lectivos. Tempo de descanço e ao mesmo tempo de preparação e estudo.
Mas para ser sincero, o que realmente neste momento me ocupa o espirito e anima o corpo, é que o meu beijo vem a caminho. Tenho saudades.

Fico à espera do reencontro, e que fiquem bem à luz da Lua.

Perdidos e achados

De um momento para o outro, sem sequer dar conta, perdi-me.
Perdi-me no meio de tanto querer não me perder.
Perdi-me enlaçado por tão grande querer bem.
Perdi-me, talvez, neste meu amar desmedido.
Perdi-me, mas sei onde estou.
Perdi-me, mas acredito que o caminho existe. E sei qual é.
Mas confesso que me perdi.
Perdi-me na confissão cruel, mas decerto real, que não consegue...
Perdi-me na sua razão de querer estar só.
Perdi-me entre a minha incapacidade de lhe mostrar que posso ser caminho.
Perdi-me porque se acercou de mim, no meio das minhas grandes certezas, a dúvida.
A dúvida, de que se pode ter perdido.
De um momento para o outro, como todas as coisas importantes, daquelas que ficam e transformam.
Assim me sinto eu perdido.
Perdido por ter consciência que tudo o que tenho, que tudo o sou, está empenhado.
Perdido porque quero tanto dár-lhe a mão e fazer caminho. E confessa, hoje entendo, não saber se o caminho que quer encontrar se faz com a minha mão na sua.
Resistirei? Claro que sim.
Persistirei? Claro que sim.
Haverá caminho? Claro que sim.
Amo para nos encontrar? Sem dúvida.
Mas, há dias em que me perco. Em que não sei por onde ir, querendo muito que não houvessem dúvidas.
Com ou sem razão, o meu fundo de alma apaixonada, pergunta-se se estará a conseguir dizer: Dá-me a mão Amor, faz caminho comigo e encontremo-nos os dois.
Assim, de um momento para o outro, e mais uma vez, perco-me e acho-me. Por que te amo.

Queria tanto dár-te um beijo! Fiquem bem à luz da Lua.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Tenho frio

Está frio. Tenho frio. Sinto-me frio. Onde andará o calor que me falta, que me faz falta? Para onde fugiu? Procuro-o e não o encontro, parece que se esconde de mim. Quando será que volta? Porque não quererá aquecer-me? Vou aguentar o frio e continuar a perseguir o calor que me falta por onde penso que o poderei encontrar. Quero muito aquecer-me e manter-me quente. Decerto que na Alemanha me vai fazer falta sentir-me quente, e não é decerto lá que o calor se esconde.

Mantenham-se quentes, e fiquem bem à luz da Lua.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Ligas tu? Desligo eu?

A minha vida - e acredito que não só a minha - é feita de ligar e desligar botões. Interruptores que controlam ou descontrolam a vontade, o querer, o desejo, a necessidade. Há aqueles que se ligam ou desligam de forma inconsciente, e que ao tomar consciência me apresso a colocar novamente na posição original ou então deixo ficar porque assim até está melhor. Outros há que antes de mudar de posição me obrigam a aturadas reflexões, provocam sentimentos vários, equaciono todos os cenários. E por consciente, o acto de ligar ou desligar um desses botões, tem necessáriamente consequências a partir do instante imediato e não se sabe até quando.
Acredito que esta problemática do "liga/desliga" - consciente - não é apenas minha. E por esse motivo, por vezes, o ligar de um botão por parte de uma pessoa, pode evitar o desligar do mesmo comando por parte de outra. As relações são então dois paineis de botões separados mas que se pretendem funcionar em sincronia. Neste momento opto por ajudar a fazer ligar botões no painel que não controlo. Em consciência, julgo que para o ideal funcionamento da "máquina" é mais saudável que eu desligar botões do meu painel. Como nas provas de ciclismo, "ora puxo eu, ora puxas tu", o objectivo é comum, completar a prova. Na "vida dos dois painéis" é parecido, ligas tu ou desligo eu. Confesso que sou fã dos interruptores ligados, aqueles da corrente contínua.

Liguem os botões certos, e fiquem bem, à luz da Lua.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

O beijo da Lua

Há momentos, instantes, que mudam uma vida.
Sem pensar, nem saber o que esperar, simplesmente arriscando o deixar serem as emoções a conduzir os movimentos e gestos, a escolherem as palavras e os silêncios.
Ouso confessar que sempre que me "armei" em ser inteligente e racional, para o qual cada passo tinha que ser medido e pesado através de complexos processos construidos de premissas e variáveis analizadas à luz da razão e do conhecimento - do que se tem e do que se julga ter - nunca obtive os resultados que tinha a certeza racional de vir a conseguir. Quando dei um beijo, empurrado pela emoção e com o coração aos saltos, nervoso como aos quinze anos, e longe de conseguir iniciar qualquer tipo de equação racional, mudei a minha vida. Total e completamente. E para muito melhor.
Quero continuar a pensar que vou ser capaz de abdicar da razão sempre que a emoção fale mais alto. Hoje comemoro a vitória do beijo sobre o QI. E quem não arrisca nada, arrisca ainda mais.
E hoje, quero mais um beijo, dos eternos.

Um viva aos beijos capazes de fazerem de nós mais felizes! Fiquem bem, à luz da Lua.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

As dúvidas e desejos de um Trovador

Poucas coisas há que me custem mais, que me doam mais que o tomar consciência da ilusão de mudança sobre coisas que nunca mudam. A espera que não era para ser. A noite que era para ser até ser dia e foi dia sem haver noite. O riso solto que seria não fosse abafado por um cerrar de lábios em profundo silêncio. A loucura que nunca chegou por presa a tudo e a nada. A consciência que existe mas não se manifesta. O que se quer primeiro e fica sempre no fim.
Só quero que haja uma coisa que nunca mude. A perseverança que também sinto ainda em esperar que a mudança aconteça e a ilusão seja realidade. Que vale a pena.
E o relógio não pára. O calendário também não. E à distância a dor aumenta quando se tem por incerto a certeza que se quer tanto ter. Mantenho a convicção de que a trova há-de chegar ao seu destino. E que o Amor descobrirá outras formas de dizer: Amo-te! Quero-te! Já!

Que a Lua me abrace, e que fiquem bem, à luz da Lua

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Era uma vez e uma vez foi. Desliguem o complificador e vivam o seu leite! Ou simplesmente, respondam-me: Quanto custa uma vaca?

Sempre gostei de começar as histórias com um "era uma vez". Talvez por me estar gravado na memória de menino nos bancos de escola, ou talvez de forma mais pragmática, porque me faz parecer que estou a contar as histórias a partir de fora e de um tempo passado mesmo podendo não o estar ou não o ser. Mas gosto. E hoje vou fazê-lo:
Era uma vez uma leiteira - lembrár-se-ão, mais que não seja dos livros da primária, que existiam pessoas que vendiam leite porta a porta, transportando à cabeça as vasilhas, por vezes enormes mas sempre pesadas, de leite fresco, que tinhamos que ferver antes de beber pois o dito leite ia parar à vasilha directamente da teta da vaca, sem qualquer tipo de outro tratamento e por vezes com "mistura" do meio envolvente, vulgo curral - que ia alegremente com a sua vasilha de barro à cabeça, cheia de leite - a vasilha - cheia de esperança - a leiteira. Menina nova, arrancada à meninice e aos bancos da escola pela necessidade e tradição familiar. Ia subindo a rua, pela ingrime e escorregadia calçada - não, não se chamava Luisa - e entre os cantados pregões a anunciar a sua presença, a leiteira menina ia pensando na sua vida e fazendo planos para o seu futuro. Pensava ela para si que se a vasilha que carregava à cabeça era suficiente para cem medidas de leite e que vendia cada medida a 10 tostões, se vendesse o conteúdo de toda a vasilha faria 10 escudos. Ora se aplicasse toda a receita na compra de mais leite, seria suficiente para comprar no dia seguinte não uma mas duas vasilhas e que se vendesse estas por inteiro no dia seguinte poderia comprar quatro vasilhas de leite. Se durante um mês vendesse quatro vasilhas por dia, teria ganho o suficiente para comprar uma vaca e passados dois meses seriam já duas vacas suas, o que decerto a obrigaria a ter gente a trabalhar para si e que venderiam mais vasilhas ainda. Estava já a menina leiteira dona de uma grande vacaria e quase a deixar de trabalhar, quando uma pedra mais limada da calçada a fez escorregar e em cacos a vasilha de barro. O leite junto com os sonhos do dia escorria rua abaixo.
Não há mal nenhum em sonhar, mas os olhos devem estar sempre no caminho. Qual caminho? No que se fizer, tal como o Antonio Teixeira nos ensinou. Faz-se caminho ao andar. Mas por vezes o caminho é feito de pedras soltas e podemos perder uma vida a subir e descer calçada, sempre sobre o leite derramado na véspera.
Sei - e assim deve ser - que cada um retirará deste escrito o que lhe aprouver. Eu fico para mim com o "era uma vez". Foi o inicio e foi também o fim da história.

Evitem derramar o leite. Assim não o terão que chorar. E fiquem bem, à luz da Lua.